A Utilização do Banco de Dados de Perfis Genéticos na Persecução Criminal: uma abordagem sobre os direitos de personalidade e o princípio da não autoincriminação

Conteúdo do artigo principal

Priscila Santos Campelo Macorin

Resumo

O estabelecimento de um banco de dados de perfis genéticos, apesar de dividir opiniões, auxilia na prevenção e repressão de crimes. Contudo, sua concepção é indissociável do estabelecimento de um sólido arcabouço jurídico e políticas severas de tratamento e segurança da informação, a fim de garantir uma fidedigna cadeia de custódia e proteger direitos fundamentais como o direito de privacidade e de personalidade. No Brasil, a previsão legal para coleta de material biológico para obtenção de perfis genéticos e sua utilização na persecução criminal é recente, datando de 2012 (Lei n° 12.654/2012). Muito se questiona sobre a eficácia da utilização do banco de dados de perfis genéticos e sua capacidade transformadora no que toca à redução da criminalidade e da impunidade no país. Discussões também são levantadas sobre os critérios para colheita e manutenção dos perfis genéticos no banco de dados, bem como sobre a possível agressão ao princípio da não autoincriminação e ao direito constitucional ao silêncio. Sabidamente, dentro do processo evolutivo da sociedade, da qual o direito é fruto, não há como desconsiderar os benefícios da utilização do perfil genético, quer na solução de crimes, quer na identificação de cadáveres ou pessoas desaparecidas. Faz-se, pois, uma abordagem crítica para desmistificação da utilização de fragmentos de DNA na persecução criminal e uma reflexão sobre os princípios da dignidade da pessoa humana e o direito de segurança pública, ambos contemplados no texto constitucional.

Palavras-chave: Banco de dados de perfis genéticos. Direito de personalidade. Princípio da não autoincriminação. Segurança pública. Redução da impunidade.

Detalhes do artigo

Como Citar
A Utilização do Banco de Dados de Perfis Genéticos na Persecução Criminal: uma abordagem sobre os direitos de personalidade e o princípio da não autoincriminação. Revista Brasileira de Ciências Policiais, Brasília, Brasil, v. 9, n. 1, p. 91–108, 2018. DOI: 10.31412/rbcp.v9i1.517. Disponível em: https://periodicos.pf.gov.br/index.php/RBCP/article/view/517.. Acesso em: 26 dez. 2024.
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Priscila Santos Campelo Macorin

Possui Graduação em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (2005), especialização em Ciências Penais pela Universidade do Sul de Santa Catarina (2009) e especialização em Direito Previdenciário pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (2014). É mestranda em Direito Constitucional pelo Instituto Brasiliense de Direito Público. É Delegada de Polícia Federal desde 2007, foi Chefe do Grupo de Repressão a Crimes Previdenciários e Coordenadora da Força-Tarefa Previdenciária da Delegacia da Polícia Federal em Campinas (2009 – 2014); atualmente lotada na INTERPOL/CGCI/DIREX/PF. Professora e conteudista da Academia Nacional de Polícia.

Como Citar

A Utilização do Banco de Dados de Perfis Genéticos na Persecução Criminal: uma abordagem sobre os direitos de personalidade e o princípio da não autoincriminação. Revista Brasileira de Ciências Policiais, Brasília, Brasil, v. 9, n. 1, p. 91–108, 2018. DOI: 10.31412/rbcp.v9i1.517. Disponível em: https://periodicos.pf.gov.br/index.php/RBCP/article/view/517.. Acesso em: 26 dez. 2024.

Referências

BRASIL. Constituição Federal (1988). Disponível em: ˂http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm˃. Acesso em: 21 maio 2017.

BRASIL. Decreto n° 7.950/2013. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Decreto/D7950.htm>. Acesso em: 25 maio 2017.

BRASIL. Lei n° 7.210/1984. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7210.htm>. Acesso em 25 maio 2017.

BRASIL. Lei n° 12.037/2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12037.htm>. Acesso em: 21 maio 2017.

BRASIL. Lei n° 12.654/2012. Disponível em: ˂http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12654.htm˃. Acesso em: 13 mar. 2017.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 973.837/MG. Relator Ministro Gilmar Mendes. Repercussão Geral. Tribunal Pleno. Brasília, 23 de junho de 2016. Disponível em: ˂http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=4991018˃ Acesso em: 10 abr. 2017.

ETZIONI, Amitai. DNA Tests and databases in criminal justice: individual rights and the common good. Disponível em: <https://www2.gwu.edu/~ccps/etzioni/A322.pdf>. Acesso em 31 maio 2017.

FERROJOLI, Luigi; BACCELLI, Luca; BOVERO, Michelangelo; et al. Los fundamentos de los derechos fundamentales. Madrid: Editorial Trota, 2001.

FIGUEIREDO, André Luís dos Santos; PARADELA, Eduardo Ribeiro. Bancos de dados de DNA: uma ferramenta investigativa útil. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, IX, n. 32, ago. 2006. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1235>. Acesso em: 10 abr. 2017.

GRINOVER, Ada Pelegrini; FERNANDES, Antônio Scarance; GOMES FILHO, Antonio Magalhães. As nulidades no processo penal. 6. ed. rev., ampl. e atual. com nova jurisprudência e em face da Lei 9.099/95 e das leis de 1996. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1997.

INTERPOL. Best practice principles recommendations for the establishment of a national DNA database. Disponível em: <https://www.interpol.int/Media/Files/INTERPOL-Expertise/Forensics/DNA/Best-practice-principles-Recommendations-for-the-Establishment-of-a-National-DNA-Database>. Acesso em 23 abr. 2017.

INTERPOL. DNA. Disponível em: <http://i247.ip/i247/es/INTERPOL-expertise/Forensics/DNA>. Acesso em 25 abr. 2017.

JACQUES, Guilherme Silveira; MINERVINO, Aline Costa. Aspectos éticos e legais dos bancos de dados de perfis genéticos. Revista Perícia Federal. Ano IX, nº 26, jun. 2007 a mar.2008. p. 17-20.

JACQUES, Guilherme Silveira. Banco de perfis genéticos: a ciência em prol da justiça. Revista Jurídica Consulex. Ano XVII, nº 389. 01 abr. 2013. p. 25-27.

LOUZADA, Luíza. STF e bancos de perfis genéticos para investigação criminal. In: Jota, 2016. Disponível em: <https://jota.info/colunas/supra/supremo-e-os-bancos-de-perfis-geneticos-para-investigacao-criminal-11072016>. Acesso em: 13 mar. 2017.

MARTINS, Filipe. Lei 12.654/2012: a identificação criminal por perfil genético no Brasil. Disponível em: <https://lipezmartins.jusbrasil.com.br/artigos/121943801/lei-12654-12-a-identificacao-criminal-por-perfil-genetico-no-brasil>. Acesso em 13 mar. 2017.

MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

MENDES, Laura Schertel. Privacidade, proteção de dados e defesa do consumidor: linhas gerais de um novo direito fundamental. São Paulo: Saraiva, 2014.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA. Rede integrada de bancos de perfis genéticos. Disponível em: <http://www.justica.gov.br/sua-seguranca/ribpg/institucional>. Acesso em 10 abr. 2017.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA. V Relatório da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos. Disponível em: <http://www.justica.gov.br/sua-seguranca/ribpg/relatorio/v-relatorio-da-rede-integrada-de-bancos-de-perfis-geneticos-novembro-2016/view>. Acesso em: 30 maio 2017.

SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais. 7. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado: 2009

SCHIOCCHET, Taysa. A regulamentação da base de dados genéticos para fins de persecução criminal no Brasil: reflexões acerca do uso forense do DNA. In: Revista Novos Estudos Jurídicos – Eletrônica, vol. 18, n. 3, set-dez 2013, pp.518-529. Disponível em: <http://siaiap32.univali.br/seer/index.php/nej/article/view/5137>. Acesso em: 13 mar. 2017.

SCHIOCCHET, Taysa. Reflexões jurídicas acerca da regulamentação dos bancos de perfis genéticos para fins de investigação criminal no Brasil. In: Bases de dados genéticos forenses: tecnologias de controlo e ordem social. Org. Helena Moniz, Helena Machado. Coimbra Editora, 2014.

TEPEDINO, Gustavo. Temas de direito civil. 3. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2004.

US Supreme Court. US Case Law Schmerber v. California, 384 U.S. 757 (1966). Disponível em: <https://supreme.justia.com/cases/federal/us/384/757/case.html>. Acesso em 06 jun. 2017.

WIKIPEDIA. DNA. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_desoxirribonucleico>. Acesso em 17 maio 2017.