Editorial: Os Profissionais de Segurança Pública como Sujeitos de Direitos - políticas públicas, qualidade de vida e democracia

Conteúdo do artigo principal

Guilherme Borges Da Silva
Heitor Pagliaro
Pablo Ornelas Rosa

Resumo

As relações entre a ideia do projeto político dos direitos humanos e as políticas de segurança pública planejadas pela classe política e conduzidas por instituições policiais possuem tensões que dificultam a consolidação de um Estado democrático de direito inspirado por princípios de direitos humanos. Um dos principais desafios dessa relação é construir um estado de coisas que permita que os agentes de segurança pública sejam não apenas considerados como atores sociais responsáveis pela linha de frente na realização dos direitos humanos, mas também entendidos como sujeitos desses próprios direitos humanos, uma vez que são partícipes e integrantes da mesma sociedade à qual sua atuação policial se destina. Este artigo analisa criticamente e discute dados relativos à violência contra policiais e à saúde desses agentes públicos, à luz das políticas que relacionam segurança e direitos humanos, pensando se os policiais se percebem como sujeitos de direitos humanos e, ao mesmo tempo, se são percebidos como tal pela sociedade da qual são partícipes e, por fim, quais são as consequências dessas percepções para a realização do Estado democrático de direito, especialmente em um contexto de redemocratização, no Brasil, a partir da década de oitenta do século vinte.

Detalhes do artigo

Como Citar
Editorial: Os Profissionais de Segurança Pública como Sujeitos de Direitos - políticas públicas, qualidade de vida e democracia. Revista Brasileira de Ciências Policiais, Brasília, Brasil, v. 13, n. 7, p. 13–26, 2022. DOI: 10.31412/rbcp.v13i7.927. Disponível em: https://periodicos.pf.gov.br/index.php/RBCP/article/view/927.. Acesso em: 16 jul. 2025.
Seção
Expediente e Editorial
Biografia do Autor

Guilherme Borges Da Silva, Universidade Federal de Goiás (UFG) / Pesquisador

Bacharel em Ciências Sociais (2011), Mestre (2014) e Doutor (2019) em Sociologia pela Universidade Federal de Goiás. Pesquisador do Núcleo de Estudos sobre Criminalidade e Violência (NECRIVI), da Faculdade de Ciências Sociais da UFG, e do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (NEIP). Foi, de 2017 a 2018, bolsista do Programa de Doutorado-sanduíche no Exterior (PDSE/CAPES) no Instituto Vasco de Criminologia (IVAC-KREI), da Universidad del País Vasco (UPV), Espanha. Recebeu Menção Honrosa no Prêmio Anpocs Teses - edição 2020 (Região Sul/Centro-Oeste). Atualmente faz estágio pós-dotoural no Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Direitos Humanos (NDH/UFG). Atua nas áreas de teoria sociológica, metodologia de pesquisa, sociologia das drogas, mercados ilícitos, violência, criminalidade, segurança pública, direitos humanos e justiça criminal.

Heitor Pagliaro, Universidade Federal de Goiás (UFG) / Professor

Doutor em Direito (UnB) e professor da UFG, onde é vice-coordenador do mestrado e doutorado em Direitos Humanos

Pablo Ornelas Rosa, Universidade de Vila Velha (UVV) / Professor

Doutor em Ciências Sociais (PUC/SP), com estágio de Pós-Doutorado em Sociologia (UFPR), em Saúde Coletiva (UFES) e em Psicologia Institucional (UFES). Professor permanente nos Programas de Pós-Graduação em Sociologia Política (Mestrado Acadêmico) e em Segurança Pública (Mestrado Profissional) da Universidade Vila Velha (UVV), professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Educação (Mestrado Profissional) na Faculdade Vale do Cricaré (FVC) e no curso de Especialização em Direito Penal e Criminologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS).

Como Citar

Editorial: Os Profissionais de Segurança Pública como Sujeitos de Direitos - políticas públicas, qualidade de vida e democracia. Revista Brasileira de Ciências Policiais, Brasília, Brasil, v. 13, n. 7, p. 13–26, 2022. DOI: 10.31412/rbcp.v13i7.927. Disponível em: https://periodicos.pf.gov.br/index.php/RBCP/article/view/927.. Acesso em: 16 jul. 2025.

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