NEUTRALIZAÇÃO SELETIVA DE ALVOS TOPOLÓGICOS DE ALTO RETORNO EM FACÇÕES CRIMINOSAS

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Bruno Requião da Cunha

Resumo

Abordam-se neste artigo a origem, comportamento e características topológicas das facções criminosas brasileiras segundo o prisma da ciência de redes. Mostra-se a estreita relação deste fenômeno com a dinâmica topológica de confinamento, resultando no próprio Estado como catalisador da gênese faccional. Se por um lado a organização da teia criminal brasileira é menos hierarquizada e mais horizontal que outros agrupamentos criminosos típicos como as máfias italianas e as células terroristas, por outro lado, esta ordem organizacional expõe fragilidades que podem ser exploradas pelo sistema de controle criminal. Argumenta-se, pois, que a neutralização seletiva de Alvos Topológicos de Alto Retorno (ATAR) em Regime Disciplinar Diferenciado Pleno (RDD Pleno) tem o condão de fragmentar a rede complexa de facções criminosas nacionais, causando uma forte e consistente redução nos índices de violência. A identificação de ATAR se mostra como tarefa híbrida, pois não prescinde das ferramentas tradicionais de investigação, bem como de métodos matemáticos próprios.

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NEUTRALIZAÇÃO SELETIVA DE ALVOS TOPOLÓGICOS DE ALTO RETORNO EM FACÇÕES CRIMINOSAS. Revista Brasileira de Ciências Policiais, Brasília, Brasil, v. 12, n. 4, p. 53–73, 2021. DOI: 10.31412/rbcp.v12i4.616. Disponível em: https://periodicos.pf.gov.br/index.php/RBCP/article/view/616.. Acesso em: 27 dez. 2024.
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Bruno Requião da Cunha, Polícia Federal, Brasil University of Limerick, Ireland

Mathematics Applications Consortium for Science and Industry

Department of Mathematics and Statistics

University of Limerick, Ireland

Como Citar

NEUTRALIZAÇÃO SELETIVA DE ALVOS TOPOLÓGICOS DE ALTO RETORNO EM FACÇÕES CRIMINOSAS. Revista Brasileira de Ciências Policiais, Brasília, Brasil, v. 12, n. 4, p. 53–73, 2021. DOI: 10.31412/rbcp.v12i4.616. Disponível em: https://periodicos.pf.gov.br/index.php/RBCP/article/view/616.. Acesso em: 27 dez. 2024.

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