Investigação de homicídio, indiciamento e a tomada de decisão de delegados

Conteúdo do artigo principal

Denis Victor Lino de Sousa
https://orcid.org/0000-0001-9185-0817
Antonio Roazzi
https://orcid.org/0000-0001-6411-2763

Resumo

A tomada de decisão investigativa é um tópico que vem ganhando visibilidade após a descoberta que falhas nesse processo são responsáveis por erros de justiça como prisões equivocadas e má alocação dos escassos recursos policiais na investigação. Apesar do reconhecimento de sua importância, no Brasil ainda não houve uma pesquisa empírica sobre o tema, impedindo que possamos compreender como os delegados tomam decisões e como otimizá-las, evitando que vieses e heurísticas interfiram negativamente. Logo, o presente estudo se propôs a identificar o conhecimento e percepções de delegados de homicídio sobre tomada de decisão investigativa. Foram entrevistados 15 delegados com no mínimo dois anos de experiência na investigação de homicídios e suas respostas foram analisadas qualitativamente e quantitativamente através de estatísticas descritivas e Análise de Estrutura de Similaridades. Descobriu-se que todos os delegados haviam realizado cursos voltados ao seu trabalho, porém nenhum desses era sobre tomada de decisão investigativa, da mesma forma, pouquíssimos profissionais conheciam os termos “tomada de decisão investigativa”, “viés” ou “heurística”, indicando uma falha no aporte teórico do treinamento desses profissionais. Percebeu-se ainda que a existência de provas, a possibilidade e estrutura para identificar essas provas e as habilidades e competências individuais dos investigadores são os fatores que levam a uma investigação criminal de sucesso ou à sua falha, assim como influenciam na decisão de indiciamento. Portanto, é recomendável ações institucionais que possam fornecer os instrumentos necessários e treinamento teórico-prático em tomada de decisão investigativa para garantir uma boa investigação e reduzir falhas de justiça.

Detalhes do artigo

Como Citar
Investigação de homicídio, indiciamento e a tomada de decisão de delegados. Revista Brasileira de Ciências Policiais, Brasília, Brasil, v. 13, n. 10, p. 101–136, 2022. DOI: 10.31412/rbcp.v13i10.999. Disponível em: https://periodicos.pf.gov.br/index.php/RBCP/article/view/999.. Acesso em: 10 nov. 2024.
Seção
Dossiê
Biografia do Autor

Denis Victor Lino de Sousa, Universidade Federal de Pernambuco, Recife-PE, Brasil / Doutorando

Doutorando em Psicologia Cognitiva na Universidade Federal de Pernambuco com bolsa da CNPq, Mestre em Investigative and Forensic Psychology pela University of Liverpool, Especialista em Psicologia Jurídica e Investigação Criminal pela Faculdades Integradas de Patos (FIP), Graduado em Psicologia pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Pesquisador em Psicologia Jurídica e Investigativa com artigos publicados em revistas científicas nacionais e internacionais e trabalhos apresentados em congressos nacionais e internacionais. Autor do livro "Criminal Profiling - Perfil Criminal: Análise do Comportamento na Investigação Criminal"

Antonio Roazzi, Universidade Federal de Pernambuco, Recife-PE, Brasil / Professor Titular

Doutor (D. Phil.) em Psicologia do Desenvolvimento Cognitivo pela University of Oxford obtido em 1988 sob a orientação do Prof. Peter E. Bryant (superviser) e Prof. Donald Broadbent (Adviser). Possui também título de ?Dottore? em Psicologia Aplicada pela Universitá degli Studi di Roma "La Sapienza". Fez pós-doutorado na University of London, University of Oxford, Istituto di Scienze e Tecnologie della Cognizione, ISTC (Roma, Itália), e Universitá degli Studi di Roma "La Sapienza". Foi membro de Comitês de Avaliação da CAPES, ENEM e FACEPE. Membro Titular (2000-2002) e Coordenador do Comitê de Assessoramento de Psicologia e Serviço Social do CNPq (CA-PS, 2011-2012). Tendo como base a Facet Theory e suas abordagens multidimensionais visa explorar métodos e técnicas de produção de conhecimento que lhes permitam gerar um saber útil para a previsão e/ou controle de fenômenos complexos. Ultimamente atua principalmente nos seguintes temas: avaliação psicológica, autoconsciência e estados ampliados de consciência, psicologia do desenvolvimento sociocognitivo, aprendizagem, lógica mental, teoria da mente, percepção de risco, gestão de pessoas, apego, violência urbana e o componente ambiental ressaltando os processos cognitivos, sociais e imagéticos de seus habitantes, entre outros. Foi Presidente da Sociedade Brasileira de Psicologia do Desenvolvimento (2002-2004) e da Facet Theory Association (2011-2013). É professor Titular do Dep. de Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco e pesquisador Nível 1A do CNPq.

Como Citar

Investigação de homicídio, indiciamento e a tomada de decisão de delegados. Revista Brasileira de Ciências Policiais, Brasília, Brasil, v. 13, n. 10, p. 101–136, 2022. DOI: 10.31412/rbcp.v13i10.999. Disponível em: https://periodicos.pf.gov.br/index.php/RBCP/article/view/999.. Acesso em: 10 nov. 2024.

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